Biografia
João Silveira Tavares filho de João Silveira Tavares e de
Zélia Silva, nasceu a 27 de Outubro de 1946, na Freguesia das Ribeiras,
concelho das Lajes do Pico.
João Silveira Tavares nasceu a 27 de
Outubro de 1946, na Freguesia das Ribeiras, concelho das Lajes do Pico. Foi na
década de 70, em Angola, que desenvolveu os conhecimentos e as técnicas da
carpintaria naval, nomeadamente ao nível do desenho e do projecto. Construiu em
Luanda, com risco seu, a sua primeira embarcação: uma lancha de pesca para um
conterrâneo a viver naquela cidade. Regrassou à ilha do Pico em 1973, e aí é
convidado a coordenar os trabalhos de conservação e manutenção das traineiras
da COFACO que varavam nas Lajes do Pico e na cidade da Horta, na ilha do Faial.
Após cinco anos neste serviço, passou a
trabalhar por conta própria, distinguindo-se essencialmente nos domínios da
reparação, da conservação e do restauro de embarcações em várias ilhas. Na ilha
das Flores destaca-se pelo trabalho das lanchas da empresa do Mestre José
Augusto; no Faial pelos trabalhos nas lanchas da Capitania do Porto da Horta e
em embarcações da Junta Autónoma; no Pico no iate de tráfego local Terra Alta,
no atuneiro Açores, na traineira Salazar de Manuel Silveira Alves; e na ilha de
São Miguel, pelos trabalhos nas traineiras Conchinha e Lajes do Pico e no iate
Santo António.
Além destes trabalhos foi sempre efectuando
trabalhos para particulares, de reparação mas também na construção de raiz de
pequenas embarcações, respectivamente lanchas de pesca artesanal. Na construção
de raiz destaca-se pela construção, no Faial, de um batel e, no Corvo, por um batelão
destinado ao serviço dos navios de transporte de mercadorias.
Foi em 1998, que começou na construção de
botes baleeiros açorianos. Nesse ano, foi convidado a integrar um projecto de
recuperação e salvaguarda do processo de construção tradicional do bote
baleeiro americano, levado a cabo pelo americano Daniel Thorne e com o apoio de
uma escola de construção naval orientada por Lance Lee (famoso construtor de
embarcações em madeira) no Estado do Maine, nos EUA. O objectivo centrava-se na
construção de raiz de um bote baleeiro açoriano, efectuando-se o seu estudo e o
levantamento de materiais, das técnicas tradicionais de construção. Dois jovens
americanos, aprendizes de carpinteiro (J. Adam Stone e Bruce Halabisky)
deslocaram-se aos Açores e acompanharam o Mestre João S. Tavares em todo o
processo de construção do bote Bela Vista, na cidade da Horta. Neste processo
foram recuperados saberes, conceitos e métodos tradicionais que corriam o risco
sério de se perder. Todo o processo foi registado e documentado no livro Twice’ round the Loggerhead (textos de
Lance Lee e aguarelas de Yvon Le Cor). Foi o primeiro bote baleeiro a ser
construído após a baleação açoriana.
Este projecto impulsionou e foi o motor de
arranque para um projecto maior na área de reactivação de património baleeiro e
que viria a ser determinante na carreira do Mestre João S. Tavares. Entre 1999
e 2000 foi convidado pela Azorean Maritime Heritage Society para ir a New
Bedford (MA, EUA) construir dois botes baleeiros, o Faial e o Pico. A partir
desta data instituíram-se as regatas internacionais, concorrendo tripulações
que se deslocam alternadamente à cidade de New Bedford e às ilhas do Faial e
Pico.
Desde então, Mestre João S. Tavares tem
dedicado a sua carreira à construção de raiz e à manutenção de botes baleeiros
açorianos. A sua obra, quer pela dimensão que alcançou, quer pela qualidade
reconhecida, faz dele, um dos maiores construtores de botes baleeiros no
Arquipélago.
Em 2015, foi convidado por Marc Larose para
integrar mais um projecto para promover a cultura açoriana e do seu património
baleeiro, único e singular: a construção de moldes em madeira do meio casco dos
botes baleeiros açorianos, trabalhados à mão e sob autenticidade do Mestre João
S. Tavares. Um produto de alta qualidade, certificado e que inclui documentação
interpretativa. Um registo único do Mestre João S. Tavares, da sua arte de
trabalhar a madeira e do experiente domínio da construção naval tradicional.
Márcia Dutra
Antropóloga
NÚCLEO DE MUSELOGIA (OMA)
Observatório do Mar dos Açores
Fabrica da Baleia do Porto Pim, Horta-Açores-PT
www.oma.pt
Photo : From whale Hunting to Whale Watching
